PERABOA

 

 

Orago: Nossa Senhora da Conceicao
Populacao: 14OO habitantes
Actividades economicas: Agricultura, pecuaria, lanificios, serralharia, carpintaria, marcenaria, panificacao, lagar de azeite, fabrica de lacticinios (queijos) e pequeno comercio
Feiras: Mensal (1ª sexta-feira de cada mes)
Festas e romarias: Santissimo Sacramento (3º domingo de Maio) e festa do Divino Espirito Santo (Agosto)
Patrimonio cultural e edificado: Igreja matriz, capela da Nossa Senhora das Preces, capela do Divino Espirito Santo, capela das Castanheiras, fonte velha, casa paroquial, nichos e quintas do Pereiro, do Arcada, da Ribeira, do Brejo e da Franca
Artesanato: Latoaria e houve em tempos cortimento de peles
Colectividades: Associação Cultural e Recreativa de Peraboa, Rancho Infantil Os Perinhas, Clube de Caça e Pesca de Peraboa e Centro Social Divino Espirito Santo.

A dezasseis quilómetros da sede do concelho, a freguesia de Peraboa encontra-se na margem esquerda do rio Zêzere. E composta pelos lugares de Castanheira de Baixo, Castanheira de Cima, Lomba do Freixo, Peraboa, Quintas da Franca e Quintas da Serra.
A freguesia foi um priorado da apresentação do cabido da Se da Guarda. Alias, a Se da Guarda, pode-se dizer, esteve na génese da criacao de Peraboa. E que os primeiros artistas que, na povoação, partiram pedra e a talharam para a construcao daquela catedral, foram os mesmos que se responsabilizaram pela edificacao das primeiras habitacoes de Peraboa. Assim começou a desenvolver-se uma terra cujo povoamento tinha começado muito antes.
Ou seja, durante o período neolitico. Deste, foram achados alguns vestigios arqueologicos, que comprovam de forma efectiva as afirmacoes produzidas.
Em relacao a toponimia e segundo um licenciado em história ligado a Peraboa sera Pera - pedra antiga, milenaria e Boa – pedra sagrada, e vira da presença na regiao dum dolmen ou anta que da o nome a Quinta da Anta.
Pelo que o nome Peraboa vira de Pedra antiga sagrada. A versao popular, no entanto, e bem diferente desta. Na crença do povo, Peraboa provém de pedra boa, a tal que foi utilizada na Guarda. Outra opiniao, mas de Alexandre Carvalho Costa, estudioso deste fenomeno, aponta o fruto – as peras – como estando na base do nome que foi dado a freguesia.
Quanto aos outros lugares de Peraboa, e evidente o sentido vegetal de grande parte delas. Castanheira e obvio, Lomba do Freixo tem a ver com um acidente orografico do terreno de Peraboa, Freixo com a respectiva planta, Quintas da Serra tao obvia como a primeira.
Ficou tristemente famosa, em Peraboa, uma terrivel tempestade que aqui ocorreu na segunda metade do seculo passado. Os mais velhos, que hoje ja nao estao ca para contar o que viram, transmitiram ainda, durante varias geracoes, os tremendos acontecimentos daquela epoca.
A falta de depoimentos directos, recorremos a Pinho leal, que na obra "Portugal Antiga e Moderna" conta com pormenor como tudo aconteceu: "No dia 24 de Agosto de 1869, pelas duas e meia horas da tarde, passou sobre esta freguesia e a de Caria, uma furiosissima e medonha trovoada, que aterrou todas as povoacoes circumvizinhas.
Foi um verdadeiro cyclone terrestre. Tomou depois a direcção da serra da Estrella, passando sobre a Covilhan, deixando atraz de si a desolação e a ruina.
Na frente d'aquella negra e immensa aglomeracao de nuvens, grandes bandos de passaros, acossados pela tempestade, fugiam espavoridos, em columnas cerradas. As casas tremiam desde os alicerces; a chuva de pedra, impellida pelo vento, derrotou vinhas, pomares, searas, olivais, hortas, arvoredos, etc., causando prejuízos de muitos contos de reis, e deixando muitas famílias reduzidas a miseria.
Quase todos os vidros das janellas foram esmigalhados, pois que a saraiva era do tamanho de ameixas, chegando, na sua maior parte, a passar cinco oitavas cada pedra.
O Zezere cresceu repentinamente, e na furia da sua impetuosa corrente, arrebatou noras, gados, e searas de milho e legume, sem deixar vestigios de sementeira. As pombas e outras aves, que andavam no ar, cahiam como fulminadas.
Em Peraboa, um redemoinho de vento arrebatou um homem, levantando-o , e arremeçando-o a 100 metros de distancia, sem que, com tudo, elle soffresse outro incomodo, alem do susto".
Em termos de patrimonio, que ao que parece nao foi afectado por tamanha tempestade, refere-se em primeiro lugar a capela dedicada a Nossa Senhora das Preces. Totalmente talhada em cantaria, foi oferecida a paroquia pelos seus primitivos proprietarios, os Duques de Lafoes. Quanto a igreja matriz, e grande e de imponente prospecto exterior. Construida na epoca dos Filipes (finais do seculo XVII/inicios do seculo XVIII), tem um altar-mor em talha riquissima e dois retabulos em pedra. Em cima da porta principal uma imagem da Senhora do Cabeço, a volta da qual circula uma curiosa lenda. Este templo sofreu obras de beneficiacao ha cerca de 30 anos, e mais recentemente no fim do ano de 1997.
Dos cerca de 1400 habitantes que vivem actualmente na freguesia, quase toda a populacao activa trabalha fora, na Covilha e outras vilas próximas. Na agricultura, so os grandes lavradores ou entao lavradores idosos que tratam os seus proprios terrenos. Aqui, ganha destaque a vinha e o azeite. Na pecuaria, o gado ovino e bovino. A industria vai crescendo, com diversificacao, e o comercio serve como pode a sua populacao. E uma terra que pode ter um futuro risonho.
A prova e o seguinte excerto de uma determinada homenagem a terra num jornal local recente: "Peraboa e uma aldeia ignorada por muitos, mas amada por todos os seus filhos, que podera ser prospera e risonha, se todos se unirem numa so fraternidade". A evolucao demografica da freguesia parece querer indiciar isso mesmo. Depois de uma crise ao longo deste seculo, motivada sobretudo pelo fenómeno migratorio que ocorreu em meados da centuria, a tendencia volta a ser positiva. A prova é que dos mil e duzentos habitantes que a freguesia registava em 1981, hoje caminha celere para os mil e quinhentos. Ou a assuncao de que, realmente, e bom viver em Peraboa.